Deletei meu instagram pessoal

Aniversário anos 90. Aniversário do meu pai. O momento é tão íntimo e significa tanto para nós. Mas, se ocorresse na era digital que vivemos, será que a alegria e simplicidade dessa festinha teriam o mesmo significado? Será que aproveitaríamos tudo como aproveitamos na ocasião?

Não, este texto não é mais uma ferramenta de marketing de lançamento ou outra fórmula de publicidade digital para ter mais seguidores. É minha real situação: eu cansei do instagram.

Cansei de influenciadores que querem ensinar através de caixas de perguntas o que cada um deve ou não fazer da vida. Chegamos ao ponto das pessoas levarem mais a sério alguém com 50k do que no seu amigo que te conhece há anos. Ainda não entendi como dá para aconselhar bem alguém sem nunca ter visto a pessoa na frente.

Cansei de perder seguidores que são meus amigos da vida real e não entender por que aquela pessoa me deixou de seguir — sendo que quando nos encontramos por aí parece “tudo normal”.

Cansei de ver as pessoas expondo uma faceta que, na vida real, eu sei que aquela pessoa não é assim.

Cansei de me comparar com situações que não vivo e pessoas muito diferentes de mim.

Cansei de saber um pouquinho de todo mundo e não saber muito de poucos. De não conseguir mostrar mais de mim porque esta ferramenta digital é limitada em relação aos encontros presenciais. De salvar receitas que nunca vou fazer, roupas que não vou comprar e lugares que não vou visitar.

É muito bom manter algum contato com pessoas que passaram por sua vida, mesmo que brevemente. Mas vou escolher — pelo menos por enquanto — uma maneira mais antiga de me socializar. Vou guardar os momentos de reencontro na minha memória e em pastas do computador. Vou montar álbuns de fotografia para mostrar aos amigos que tomarem um café aqui em casa. Vou pedir conselhos para pessoas mais velhas, mais experientes, ou ao menos aos amigos que eu confio. Vou compartilhar meus momentos íntimos de felicidade com as pessoas que estiverem presentes nestes momentos.

Eu poderia fazer tudo isso e ainda manter minha conta? Sim! Não são coisas incompatíveis. Mas prefiro, ao menos por um tempo que começa agora, viver à moda antiga — mesmo que parcialmente.

Eu amo vocês, meus amigos, e por isso mesmo estou cada vez mais concordando com Drummond:

“As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão”

[Eu continuo com linkedin e twitter. Meus textos continuam no Medium. Continuo com whatsapp (para meus amigos). E, claro, vocês sabem onde moro. Podem me visitar sempre que quiserem]